Caminho de volta...
Era um domingo, dia de muito calor e sol forte.
Eu andava devagarzinho pela vida,pelo dia.Foi então que
viu um vídeo na internet . Aos poucos eu olhava para trás...
E lá estavam as montanhas nevadas, as lindas plantações
de maçãs, o jardim florido cuidado por minha vizinha. Muitas manhãs ela colhia
cuidadosamente algumas lindas flores e
me oferecia com um sorriso nos lábios para que eu as colocasse em vasinho e assim elas alegravam minha pequena
casinha.
Lembrei-me então de uma amiga... A chamávamos carinhosamente de Rosita. Sempre
tinha um sorriso nos lábios. Aos domingos muitas vezes me levava para almoçar
em sua casa.
Lembro do dia em
que ela e sua família realizaram um grande sonho. Iríamos a cordilheira eu ia
conhecer a neve. Jamais esquecerei a brancura do lugar, o verde resplandecente
dos ciprestes que davam sua lição de
força e persistência... Quem me dera ser sempre como eles. Nevadas, tempestades eles , os ciprestes,
estavam lá fortes verde, firmes falando de esperança e alegrando a paisagem.
Guerreávamos com bolas de neve.. Pequenas grandes
crianças nos alegram com o pouco muito que a vida nos oferecia... Até tentamos
construir nosso boneco de neve.. para que ele pousasse para a foto... mas os
pequenos flocos de neve que começaram a cair fizeram com que nossa obra de arte
tivesse poucos atrativos...
Era uma grande
mesa e tomávamos nosso café com alguns pãezinhos que alguém havia
cuidadosamente levado com amor..
Fiquei sabendo mais tarde
que o irmão da minha amiga que alegrou nosso dia e animou a festa da
briga de neve havia ido inesperadamente para sempre acometido de um câncer. Mas
as lembranças daquele dia... elas estão ainda aqui no caminho de volta por um
olhar num domingo de sol.
Lembro me da
adolescente filha da minha vizinha de olhos brilhantes. Eram um sete de
setembro... ela carinhosamente e com cuidado desenhou as duas bandeiras a minha
brasileira... a sua chilena e cuidadosamente a noite ou cedinho não sei ao
certo ,colou na porta da minha casinha (que mais parecia uma casinha de boneca)
ao acordar e abrir para que o dia me saudasse... lá estava a surpresa pregada
com a cola do amor no nosso coração brasileiro chileno. Não me lembro ao certo
mas penso que com certeza as lagrimas brilharam.
A família brasileira que cuidava da gente era outra das
nossas alegrias... as filhas da família
por vezes diziam em tom de brincadeira. Mãe você gosta mais dessa meninas que de nós e ela respondia com um
sorriso nos lábios e um brilho no rosto: gosto de todas iguais... ríamos então
da brincadeira que era quase uma verdade.
Ganhei três irmãs brasileiras, meninas que como eu
deixaram tudo e foram para aquela terra distante estranha... terra de contos de
fadas onde o amor ultrapassava raça,fronteiras, éramos desconhecidos unidos
pelo imensurável amor de Deus aquele que fazia nossos dias felizes.
Certo dia o vento aos poucos levava o telhado de nossa
casa.. assistíamos a cena sem saber o que fazer ... as nuvens escuras anunciava
a chuva que não demorava a cair... corajosamente nosso vizinho mesmo acometido
de uma pneumonia em um esforço sobrenatural colocou o telhado no seu devido
lugar.. as primeiras gotas de chuva gelada começavam a cair quando ele
conseguiu terminar sua operação solidariedade em nosso favor.
Ah! como falar de todos, foram tantos amigos bons
,corações dourados encantados que encontramos por lá.
Foi nessa tarde de domingo que na caminhada da vida ,na
caminhada do dia olhei pra trás ... e vi... vi ainda um tesouro guardado no
findo do Baú do meu coração... e lá estavam elas as lindas lições de amor que
vivi!
Quando saí do Brasil... chorei ah! se chorei.. quando lá
cheguei sozinha em terra desconhecidas.. ah as a lagrimas eram demasiadamente
teimosas e insistiam sem parar de cair...
Assim é a vida.. a beleza sempre vai estar nas histórias
para rir e chorar!