sábado, 30 de novembro de 2013

Então é Natal


Então É Natal!

Como eu gostaria que fosse natal! Esse agora é meu esforço conquistar o natal!

Hoje me lembrei da enorme árvore de natal  que todos os anos eu via na igreja que eu frequentava quando criança, a igreja Batista de Riqueza. Era uma árvore imensa penso que era necessário muito trabalho para cortá-la, transportar e colocar de pé novamente em um enorme vaso dentro do templo. Fiquei imaginando como eram  colocados os ornamentos, creio que eram necessárias escadas e muito tempo, trabalho e esforço.

Eu só via e lembro que na noite de natal dois ou três homens munidos de ripas compridas com uma vela na ponta acendia todas aquelas muitas velas coloridas da enorme árvore. Hoje lembrei-me  perfeitamente do sorriso e do rosto do meu tio imbuído daquela tarefa difícil mas com certeza prazerosa.

Hoje me senti assim... para ver o natal é preciso muito esforço, bom animo, esperança e talvez até coragem. Por vezes escuto a pergunta: onde você vai passar o natal?  E me pergunto quanta importância tem onde vou passar um dia ou uma noite de festa... o que me importa mesmo e o que rouba o brilho do meu natal é onde e como vou passar os dias que se seguem em minha vida.

É, acho que isso me coloca diante do natal europeu. Muita neve caindo, o frio congelando a alma o coração e ás vezes até a mente. Estradas terminantemente interditadas pela neve, as vezes parecem que interditaram os caminhos para sempre! Somente homens corajosos, maquinas potentes, boa vontade de governantes, e paciência da população é que podem deixar o caminho livre novamente. Mas na verdade eu amo ver a neve. Ela é de uma pureza incrível, um espetáculo da natureza e se por ventura no final do inverno ela for banhada pelos primeiros raios de sol então fica prateada e esplendorosa. Não sei ao certo quando e como mas a verdade é que uma hora o caminho vai se abrir.

Sinto falta do que eu chamo de árvore de natal de verdade. O Pinheirinho. Corta-se grandes ou pequenas árvores de araucária, as folhas parecem espinhos e por vezes machucam ... mas elas podem ficar por longo tempo cortadas e enfeitadas dentro das casas elas não murcham e não morrem.  E não sei ao certo mas eu lembro que tivemos um pinheirinho que enfeitamos no natal e depois meu pai o plantou e eu sempre ouvi dizer que aquela grande árvore um dia foi nosso pinheirinho... já se passaram muitos anos e me pergunto se isso era apenas lenda ou verdade , não sei ao certo mas eu sei que com trabalho persistência e esforço a árvore vai continuar verde,e aquela cortada pode crescer novamente.. Mesmo que a neve e as tempestades de inverno se derramem essas árvores permanecem terminantemente verdes e fortes... essa foi uma das coisas que me maravilharam quando conheci a neve na cordilheira dos Andes. Aliás o passeio a cordilheira foi um dos mais lindos de toda minha vida.

Quando a gente era criança a igreja preparava um presentinho para cada um de  nósque frequentávamos as escolas dominicais aos domingos. Eram xícaras, pratos, pratinhos de uma porcelana muito branca com estampas de flores, violetas, cravos, e acho que até rosas e uma letra dourada escrita em alemão dizia: Sontagssschule , weinachten, Riqueza 1972 ( escola dominical, natal e o ano  daquele natal) acabei de copiar as palavras da xícara que ainda guardo com carinho e agora vejo que logo embaixo tem o desenho dourado do galho de um pinheirinho, uma vela acesa e um coração...quanta emoção. Os cravos desenhados no outro lado da xícara ainda tem a cor rosa, apesar da cor já ter se apagado um pouco. Guardo mais uma xícara e um prato. Acho que na minha família ainda tem algumas dessas relíquias. E meu pai guarda uma xícara parecida com essa da infância dele, aquela já está amarela, um bocado destruída pelo tempo mas ele a guarda como um tesouro precioso, lembrança de  sua existência. Ele completou a pouco 80 anos e a xícara dele já sobrevive a muito tempo.

 As xícaras e pratos continuam lindos como naquele tempo, mas confesso que olhar agora para eles  causa uma certa dor... dor da saudades...do tempo que passou e não volta, dor da falta do natal da minha infância em Riqueza. Mas as flores , a estampa dourada e a cor branca da porcelana estão a me dizer que nem o tempo nem a vida podem apagar o brilho da nossa existência enquanto tivermos fôlego.

Então é natal e preciso me esforçar não vai haver pinheirinho sem esforço, as estradas interditadas pela neve nunca vão se abrir se eu perder a persistência e a esperança. E as xícaras só podem continuar existindo por quarenta anos se forem guardadas com cuidado amor e carinho.

Então é natal... qual o melhor lugar para acender as luzes das velinhas para brilharem com sua luz e seu coloridos inebriantes... a luz vai mostrar o caminho.

Ontem a noite eu me esforçava para alegrar a reunião que eu dirigia, mas parece que a voz ao cantar os hinos ecoava triste, apesar da luz em minha frente eu sentia uma escuridão gelada, e subitamente comecei a transpirar  cachoeiras apesar do clima frio e agradável depois da chuva. Quando terminei minha tarefa me sentei no banco uma sensação de alivio me invadiu. Olhei e sentado ao meu lado estava Beto, um menininho lindo e talentoso que desenha como ninguém. Mas seu olhar parecia triste e parecia que havia uma gota de água no cantinho de seu olho. Comecei acariciar sua cabecinha pequena e ao contrario do que eu imagina ele permaneceu  quietinho ... eu não tenho amizade com ele e por isso pensei que ele não reagiria bem a minha atitude.... aos poucos seu olhinhos formam se fechando.

Já quase adormecido peguei o lindo menino no colo e ele adormeceu tranquilamente em meus braços, ficou lá até que a reunião terminasse. A mensagem proferida foi linda mas  a mensagem de paz, descanso e tranquilidade que o menininho dormindo tranquilo em meus braços  a sensação de paz e esperança que ele transmitia ao meu coração era uma cena encantadora e inigualável.

Eu penso que eu preciso ver crianças nas vésperas de natal... para que eu nunca me esqueça da beleza  do natal da minha infância, para que eu não me esqueça que o pinheirinho vai permanecer verde não importam as circunstancias, para que eu não me esqueça que por mais fortes e frios que sejam os temporais com neve um dia o caminho vai se abrir, para que eu não me esqueça que porcelanas flores e letras douradas precisam ser guardadas com cuidado e dedicação para que a porcelana branca possa exibir seu brilho apesar da passagem dos anos.

Então é natal. Eu vou lutar por ele. Não importa quanto custe, quanto demore, quanto esforço dedicação e tempo isso leve... as alegrias e as luzes sempre vão fazer a vida vale a pena.Por isso , porque logo vai ser natal, feliz vida a todos nós que cremos que sempre será e vai haver natal apesar da neve, apesar do tempo, apesar dos corte, apesar das folhas que as vezes mais se parecem espinhos. Se sorrirmos ou se choramos não importa tudo faz parte, afinal quando Deus nos criou colocou em nossos lábios o sorriso mas também não se esqueceu de criar lagrimas em nosso olhos. È a vida assim passamos por ela escrevendo nossas histórias para rir e chorar....