PELAS ESTRADAS DA VIDA... MONTANHAS E VALES...
DESERTO E
MARES!
Era um dia difícil. Fechei a porta tranquei com a chave.
Acho que naquele instante fechei 20 longos, tristes, sofridos anos da minha
história.
Tudo ficava para trás. Móveis, louças, plantas, roupas e
cartões e caixas e caixas que acumulavam
lembranças de toda minha vida.
No carro poucos pertences. Ao sair avistei uma velha flanela
branca ela havia pertencido a uma tia que já a muito havia se ido para sempre.
Dobrei, ela seria usada ainda para uma tarefa especial... secar minhas lagrimas
por longos caminhos que me levariam a uma nova história, aquelas para rir e
chorar.
A viagem foi tranquila, por vezes sorriamos, por vezes
discutíamos (acho que era o desgaste dos últimos acontecimentos) e por vezes as
lagrimas desciam e cachoeiras.
Ali na casa do meu irmão era o pequeno Oasis em que parei no
deserto da vida para recobrar minhas forças que se esvaiam aos poucos.
Logo meu irmão limpou a piscina para que eu pudesse creio
lavar minha alma, se isso fosse possível, porque minha pele não permitia que a
água entrasse até lá.
Arrumei um quarto ao lado com minhas poucas coisas. Tirei o
que fosse possível. Na parede as telas que um dia eu havia manchado com tinta.
A toalha branca na mesa anunciava paz e as rosas de todas as cores que eu
colhia todo dia e colocava cuidadosamente sobre a mesa diziam que a alegria
poderia anda estar em algum lugar. As horas eram gastos com bordados, o ponto
cruz multicor regado a lagrimas formavam maravilhosas flores. Era isso: ponto
por ponto flor por flor, a vida ainda poderia me dar um ramalhete, então o
desafio era não desistir.
Mas teve um dia que nem piscina, nem toalha branca nem flores
nem pontos conseguiram atuar. Todos se calaram. Foram quase doze horas de lagrimas
continuas. De onde um corpo humano minaria tanta água? Era a faxina da alma.
Minha cunhada aos poucos palavra por palavra com calma foi acalmando a
tempestade... aos poucos ela reaparecia no cenário da minha vida estendendo a
mão.
A decisão: eu iria a outro estado morar a 100 km do meu
irmão. Uma cidade maior. Uma terra que prometia futuro, hospitaleira com
forasteiros. O coração era uma geleira. Sozinha em cidade estranha, em uma
kitinet, quase sem móveis, sem emprego, vivendo de favr do que meus irmãos
dariam, sem parentes,sem conhecidos. O mar ou o deserto não sabe ao certo... eu
e Deus. Ufa, eu acho hoje que jamais aguentaria isso. Definitivamente não era eu.
Lá se foi o carro andando outra vez pelas longas estradas da
vida. Meu irmão dirigiu o carro até a metade da viagem, então o outro veio ao
nosso encontro e conduziu o carro até o destino.Já eram duas horas da manhã
quando chegamos a essa poeirenta cidade do sertão, a escuridão e o silencio
pareciam trazer consigo o fantasma da solidão. Pensei silenciosa: Como
resistir? Esperamos a noite acabar em um hotel, não conseguimos abrir portão da
kitinet que meu irmão havia alugado.Ele dormiu, eu passei a noite tremendo de
frio pelo ar condicionado e pelo medo que congelava meu ser.
Dois dias meu irmão trabalhava sem parar para deixar minha
nova casa habitável. Uma pequena kitinet, meu irmão teve o cuidado de alugar
perto da família de seu amigo, creio que para poder ir embora mais tranquilo.
Então vi meu irmão indo embora. O mar, a
boia ,eu e Deus e mais nada. Acho que não era eu, afinal eu não suportaria tal
desafio. Mas lembra das palavras do anjo Frances? Bom emprego... inteligente...
capaz.... uma cidade a minha frente e todos os desafios imagináveis e não
imagináveis. Sozinha a deriva no mar.
Minha amiga em Cuiabá pensou que eu não resistiria. Olhou
para o céu e pediu uma solução, era ela que cuidava de mim nas horas de
desespero ,então pensou que precisava agir.
Lembrou que em um encontro numa igreja evangélica conheceu
alguém da cidade em que eu estava. Achou os contatos de email e telefone, ligou,
era quase uma desconhecida mas precisava tentar. E tentou. O novo anjo dessa
vez brasileiro estava a vista.
Um domingo em alto mar, vi a mensagem no email de meu
celular, a noticia de uma pessoa que talvez pudesse ajudar. Mas era algo bem
remoto. Resolvi acreditar.
Meus chips e celular todos se silenciaram. Fui a frente da
kitinet para ver se achava um chip com código do estado para reestabelecer a
comunicação. Avistei um carrão descia
devagar, uma senhora olhava como procurando algo. Não podia ser... minha amiga
disse que ela era simples. E era... desceu, passou duas quadras abaixo parou...
voltou.. ufa seria ela?
Finalmente parou em frente a minha kitinet olhou para mim e
disse. Estou procurando a Erica. Lá estava ela. A melhor mãe do mundo, amiga,
irmã anjo... alguém pode inventar uma palavra para descrever uma pessoa assim?
Eu não conheço palavra na escrita brasileira que possa descreve o que foi essa
pessoa em minha vida.Então pela falta de palavras eu a chamo de milagre Marli,
esse é seu nome. O nome de uma outra Marli uma das melhores amigas que tive no
passado.
Quer saber? Não vai dar pra contar... ela tem boas posses.
Mas qual o que . Minha amiga não disse que era simples e era, sabe aquilo que se
diz de amar ao próximo como a si mesmo, de ser como criança? Belo discurso? Não
a pura realidade na vida do milagre Marli.
Saiu pelos quatro
cantos distribuindo currículos, eu naquele carrão, ar condicionado,musica calma
e ela lado a lado ali pela cidade comigo. Nunca duvidou nem desconfiou. Era
mesmo um anjo que Deus mandou, até hoje não achei outra explicação para esse
fenômeno.
A lista: Derramou muito suor para me ensinar a dirigir o
carro outra vez, me visitava constantemente, me ajudava em tudo que eu
precisava,me deu um celular, comprou esse net que escrevo para que eu pagasse
quando pudesse (ainda não paguei tudo) arrumou um ótimo emprego com sua
influencia, me convidava as vezes para passar o dia em sua casa, carregou minha
mudança em seu carro quando precisei mudar para perto do emprego, emprestou um
frigobar, me deu uma bolsa para carregar meu material de trabalho, foi comigo
assinar o contrato, me acompanhou no primeiro dia no trabalho, me apoiou quando
pensei que fui demitida,mas na verdade fui
transferida para um lugar melhor, me acompanhou no novo local de
trabalho.Espera lá quantos dias vou levar para completar a lista? Impossível.
Apresento aos meus leitores a melhor mãe do mundo, pura obra prima de Deus. O
milagre Marli.
Os pontos do bordado jamais mentiram. Hoje ocupo um cargo de
confiança na educação me confiado pelo secretário de educação, com a ajuda de
uma amiga da Marli.Pessoas, muitas delas ainda não sei quase nada sobre suas
vidas, mas anjos que apareceram nas montanhas e vales desertos e mares.
Minhas colegas de trabalho não se cansam de perguntar como?
Cargo de confiança? Não é dessa cidade? Chegou esses dias? Como pode? Quer
saber a resposta para tantas perguntas?
Isso simplesmente chama-se MILAGRE se encontrarem outro nome
podem me avisar.
Assim são as luzes que se apagam, as luzes que se acedem, a
saga das chaves, as montanhas e vales desertos e mares que atravesso que me levam pra perto de Deus.
Para agradecer. Ainda não encontrei palavras que pudessem
fazer isso com meus irmãos e familiares, com meu anjo Frances, com minha amiga
cuiabana, com meu milagre Marli . E se eu esquecer alguém na lista? Então sou
uma eterna endividada que vai passando pelas estradas da vida escrevendo
histórias para rir e chorar.