domingo, 8 de maio de 2022

Clara era seu nome.....

 


Clara era seu nome...

Ela era assim clara como o sol linda como a lua seu amor era capaz de iluminar nosso caminho.

Fui muito próxima a minha mãe ainda me lembro dos meus cabelos compridos e todos os dias a minha mãe trançava os cabelos em duas tranças... fui crescendo, mas o ritual de trançar no cabelo continuava a fazer parte da rotina talvez por isso eram tão importantes para mim.

Quando saí de casa e fui estudar em Campo Grande naquela época de estradas de chão a distância era enorme, quanta falta senti dela eu chorava quase todos os dias mesmo sendo uma jovem de 18 anos.

Alguém próximo a mim me disse a algum tempo atrás... eu queria muito ter o coração da sua mãe ...jamais imaginava ouvir isso. Fiquei pensativa sobre o quanto a bondade silenciosa dela impactava as pessoas.

Ela nunca gostou de cuidar da casa mas amava cultivar flores muitas ainda me fazem lembrar dela até hoje. Plantava arvores frutíferas e verduras acho que era uma maneira de conviver com todo o stress que a cercava.

Me disseram um dia que quando ela era jovem tocava violão jamais a vi tocar mas nas noites de luar por vezes sentava no pátio e cantava tinha  uma voz linda creio que por isso gosto de cantar com minha tia irmã dela me remete a bons sentimentos

Como esquecer das cucas que ela preparava, ou das bolachas de mel ou enfeitadas no natal e na páscoa, as panquecas aos domingos ainda ouço por ai bons elogios das delicias que ela preparava.

Semeou sentimentos fortes mesmo morando no Chile um país que amei de paixão e vivendo um grande sonho quando soube que ela estava com uma doença grave voltei, quase não a reconheci quando cheguei era uma cena difícil de acreditar.

Logo depois da minha chegada ela me pediu para leva-la para visitar uma irmã e fazer lá um tratamento com um médico naturalista, atendi ao seu pedido mas no dia em que saíram cedinho para ir a consulta aconteceu um acidente muito grave minha tia e meu tio faleceram na hora o filho dele morreu quatro dias depois, quando cheguei no hospital minha mãe que havia sobrevivido estava muito machucada.

Depois disso abandonei meu planos de voltar ao Chile e adaptei minha vida para que pudesse cuidar dela enquanto precisasse de mim.

Ela nasceu pra ser simplesmente Clara era uma companhia agradável e amável mesmo em meio a toda aquela tragédia.  Que coração de ouro era mesmo o dela, sim com certeza seria maravilhoso ter um coração assim.

Depois de três anos a doença se agravou e ela se foi pra sempre.

Acho que não consegui absorver a nova realidade. Talvez não ter vivido o luto com intensidade deixou marcas invisíveis.

Hoje li uma massagem do dia das mães que dizia que a vida não vem com manual mas vem com mãe que é a mesma coisa... depois que meu manual se foi cometi erros irremediáveis, talvez se ela estivesse por aqui não teria permitido  eu me enganasse tanto nas minhas escolhas. Mas eu ter sobrevivido a todos o caos que a vida me proporcionou acho que ainda devo em grande parte a ela.

Aprendi a ressignificar a  vida com o passar do tempo peguei os muitos limões que a vida me proporcionou e transformei em muitas limonadas para matar a sede dos desertos que a vida sempre nos proporciona.

Dizem que pareço com meu pai, também acho que minha genética tem Dna de Linauer mas quando dizem que pareço com minha mãe eu fico pensando que estão falando do meu coração isso me faz bem e sempre me proporciona alegria.

Como amo ver as fores que já vi mina mãe plantar um dia acho que representam o perfume e as sementes que ficaram.

E assim com boas lembranças vamos a cada dia escrevendo nossa história irrigando nossos desertos com lagrimas e colhendo nossos frutos com sorrisos porque a alguns anos decidi escrever histórias para rir e chorar.