Clara era
seu nome...
Ela era
assim clara como o sol linda como a lua seu amor era capaz de iluminar nosso caminho.
Fui muito próxima
a minha mãe ainda me lembro dos meus cabelos compridos e todos os dias a minha
mãe trançava os cabelos em duas tranças... fui crescendo, mas o ritual de
trançar no cabelo continuava a fazer parte da rotina talvez por isso eram tão
importantes para mim.
Quando saí
de casa e fui estudar em Campo Grande naquela época de estradas de chão a distância
era enorme, quanta falta senti dela eu chorava quase todos os dias mesmo sendo
uma jovem de 18 anos.
Alguém próximo
a mim me disse a algum tempo atrás... eu queria muito ter o coração da sua mãe
...jamais imaginava ouvir isso. Fiquei pensativa sobre o quanto a bondade
silenciosa dela impactava as pessoas.
Ela nunca
gostou de cuidar da casa mas amava cultivar flores muitas ainda me fazem
lembrar dela até hoje. Plantava arvores frutíferas e verduras acho que era uma
maneira de conviver com todo o stress que a cercava.
Me disseram um
dia que quando ela era jovem tocava violão jamais a vi tocar mas nas noites de
luar por vezes sentava no pátio e cantava tinha uma voz linda creio que por isso gosto de
cantar com minha tia irmã dela me remete a bons sentimentos
Como
esquecer das cucas que ela preparava, ou das bolachas de mel ou enfeitadas no
natal e na páscoa, as panquecas aos domingos ainda ouço por ai bons elogios das
delicias que ela preparava.
Semeou
sentimentos fortes mesmo morando no Chile um país que amei de paixão e vivendo
um grande sonho quando soube que ela estava com uma doença grave voltei, quase não
a reconheci quando cheguei era uma cena difícil de acreditar.
Logo depois
da minha chegada ela me pediu para leva-la para visitar uma irmã e fazer lá um
tratamento com um médico naturalista, atendi ao seu pedido mas no dia em que saíram
cedinho para ir a consulta aconteceu um acidente muito grave minha tia e meu
tio faleceram na hora o filho dele morreu quatro dias depois, quando cheguei no
hospital minha mãe que havia sobrevivido estava muito machucada.
Depois disso
abandonei meu planos de voltar ao Chile e adaptei minha vida para que pudesse
cuidar dela enquanto precisasse de mim.
Ela nasceu
pra ser simplesmente Clara era uma companhia agradável e amável mesmo em meio a
toda aquela tragédia. Que coração de
ouro era mesmo o dela, sim com certeza seria maravilhoso ter um coração assim.
Depois de três
anos a doença se agravou e ela se foi pra sempre.
Acho que não
consegui absorver a nova realidade. Talvez não ter vivido o luto com intensidade
deixou marcas invisíveis.
Hoje li uma massagem
do dia das mães que dizia que a vida não vem com manual mas vem com mãe que é a
mesma coisa... depois que meu manual se foi cometi erros irremediáveis, talvez
se ela estivesse por aqui não teria permitido eu me enganasse tanto nas minhas escolhas. Mas
eu ter sobrevivido a todos o caos que a vida me proporcionou acho que ainda
devo em grande parte a ela.
Aprendi a ressignificar
a vida com o passar do tempo peguei os
muitos limões que a vida me proporcionou e transformei em muitas limonadas para
matar a sede dos desertos que a vida sempre nos proporciona.
Dizem que
pareço com meu pai, também acho que minha genética tem Dna de Linauer mas
quando dizem que pareço com minha mãe eu fico pensando que estão falando do meu
coração isso me faz bem e sempre me proporciona alegria.
Como amo ver
as fores que já vi mina mãe plantar um dia acho que representam o perfume e as
sementes que ficaram.
E assim com boas
lembranças vamos a cada dia escrevendo nossa história irrigando nossos desertos
com lagrimas e colhendo nossos frutos com sorrisos porque a alguns anos decidi
escrever histórias para rir e chorar.