Quase Um Conto
de Fadas... Da Vida Real!
Eu não sabia nem imaginava mas era um dia de encontro
familiar!
O telefone tocou, meu
irmão me avisando que estava em frente ao portão.
Fui recebê-lo,
preparei um simples café, fui a padaria vizinha comprei uma rosca,comemos
sentados a mesa,como era bom poder conversar com alguém próximo.
Sua estada seria cura, fizemos compras,preparei o almoço
enquanto conversamos, comemos e ele se foi cumprir seus compromissos para
regressar a sua cidade. Dei um currículo pedi que ele entregassem ... ele lia
atento. Na verdade acho que por nunca ter acompanhado minha vida de perto vi
uma expressão de surpresa estampada no rosto enquanto lia. Perguntei se ele
iria voltar, respondeu que não. – Então como você vai saindo sem se despedir
direito? Ah! Vou aqui pertinho... Acho que era para que o aconchego do momento
não fosse quebrado.
Escrevi da minha alegria em uma rede social, os satélites
levaram as palavras e um primo do meu pai que mora nos Estado Unidos iniciou uma animada conversa. Primeiro sobre o
nome Cumaru, depois a conversa foi se estendendo, ele agora falava dos meus
avós.
Foi como se um passado que já não era tão remoto ressuscitasse
imediatamente na minha mente...era como um filme quase real.
Comecei a Ver... Era uma casa grande , alta feita de madeira
cuidadosamente beneficiada e com uma pintura perfeita. O exterior era de um verde musgo que completava as árvores do lugar umas frutíferas
,outras de sombra. O destaque sempre era um grande pé de peras onde lembro que
me avô colhia os frutos, foi lá que vi a primeira vez aquela vara com um
cestinho na ponto para que as frutas fossem colhidas sem dano.
O interior da casa era de uma tinta sintética bege que
exibia seu brilho com detalhes azuis bem claros e delicados por toda parte.
Os móveis eram de madeira da mesma cor,mas muito bem
talhados e acabados nunca me esqueci do pequeno guarda louça em formato do
canto da parede com portas de vidro que exibiam lindas porcelanas. Não sei ao certo
mas acho que os móveis eram feitos por membros da família.
Quando a gente chegava da pequena rua de terra sobre o
portão sempre havia ramadas de flores em forma de arco, creio que as vezes as
plantas eram mudadas e por isso as flores variavam. Não consigo ver arco de
flores sem lembrar da casa dos meus avós!
Já portão adentro uma cerca viva fazia um caminho até a casa
como que conduzindo o visitante pátio adentro. De um lado flores de outro
plantações de moranguinhos cuidadosamente plantados exibiam sua beleza. As vezes devidamente
acompanhados podíamos colher e comer alguns, era preciso andar com cuidado era
quase uma relíquia.
No lado oposto havia imensas árvores não me recordo a
espécie ,e um galho que parecia talhado para a finalidade havia duas correntes
fortes, enormes e longas que sustentavam um balanço com um largo e confortável
acento.
Nunca poderia esquecer a cena. Os netos eram convidados para
o local depois do restante da programação e meu avo se encarregava de fazer
nossos pequenos pezinhos alcançarem com muita emoção a ponta dos galhos mais
altos. Quem sabe era uma maneira de nos ensinar para que tentássemos voar alto.
Não sei exatamente o motivo mas só íamos a casa dos meus
avós paternos em datas especiais, aniversários etc. Sempre a tarde a
programação era animada com um lindo e delicioso café com todos assentados ao
redor da mesa,cada um no lugar devidamente indicado. As toalhas de mesa eram
mais alvas do que a neve, havia bolos e doces de todos os tipos e cores
imagináveis e um delicioso café com leite que nunca mais bebi outro igual. Era
quase um cerimonial.
Eles eram donos de uma biblioteca invejável e eu me lembro
de que o grande sonho da minha irmã era um dia herdar aqueles livros, sonho este
que ela nunca conseguiu realizar.
Não posso dizer quem preparava tudo mas não havia nada
absolutamente nada fora do lugar naquela casa.Terminantemente mesmo com muita
crianças não havia uma só mancha de sujeira nas paredes,as camas eram brancas
como a neve os lençóis parecia engomados e pareciam imóveis sobre as camas.
Muitos guardanapos brancos com lindíssimos bordados enfeitados com vasos de
flores que parecia nunca murchar em todos os lugares. Agora que sou adulta me
pergunto como tudo aquilo era possível... o chão de madeira reluzia um brilho incrível.
Acho que recortaram um castelo na Europa e Plantaram naquela
simples zona rural catarinense. Lembro do pequeno riacho uma pontezinha de
madeira e do outro lado os pastos com vacas leiteiras, mas dificilmente, a não
ser a convite, a gente poderia atravessar, as crianças eram cuidadosamente
minitoradas a gente se deliciava mas tudo com ordem e permissão cuidadosamente
planejada pelos anfitriões.
Meu avó logo se foi, um câncer cruel ceifou a vida dele.
Depois disso por longo tempo eu e minha prima andávamos longos dois kilometros
de bicicleta na estradinha de terra para dormir com minha avó que não queria dormir sozinha. A
casa parecia triste e solitária. Minha
vó falava pouco, só sabia falar alemão nunca aprendeu a língua e se irritava
quando conversávamos em português. Nossos shorts curtos demais para ela todos
os dias eram alvos das suas criticas rssss e na nossa crueldade de duas
adolescentes a saída nesses momentos era iniciar nossa conversa em português...
ela então continuava lendo seus livros companheiros inseparáveis... nunca vi
minha avó sem um livro por perto.
Depois ela mudou-se para a pequena cidade de Riqueza onde morávamos.
Os móveis eram os mesmo, o jardim nunca jamais parou de florescer,os
guardanapos nunca perderam a goma e os bordados, os vasos nunca deixaram um só
dia de exibir suas flores cuidadosamente colhidas. E o radio em que todos os
dias ela ouvia a radio transmundial transmitida em alemão nunca deixou de
existir eram um companheiro inseparável tal como os livros.
Nunca vi minha avó com roupa suja, desalinhada, ou com o
cabelo despenteado, esse era cuidadosamente preso por um lindo coque postiço
que escondia os poucos cabelos brancos. Gestos delicados, fala mansa, olhos
azuis brilhantes e um sorriso cuidadosamente planejado nos lábios, como se
estivesse sempre pronta para uma foto digna de revista.
Nos mudamos para o Mato Grosso e vi ela muito poucas vezes
mais. Recebi muitas cartas escritas do punho dela em alemão.... (acho que as
lagrimas vão descer)acho que antes de eu deixar tudo ainda guardava algumas
delas...
As cartas eram rechedas de palavras cuidadosamente
selecionadas na bíblia as vezes coladas junto com figurinha na maioria das
vezes com flores. Eram palavras de elogio , incentivo e principalmente pra
dizer que todos os dias ela orava por mim.Eu creio que sim... porque Deus
cuidava de mim naquele tempo de uma forma imensamente especial. Até acho que foi
depois da partida da minha mãe e dos meus avós que descarrilhei talvez por
falta daquele alicerce de oração ,conselhos incentivo carinho e amor.
Ah, eu estava contando da conversa nessa tarde com o primo
do meu pai,sim ele me perguntou se era verdade que ela era de uma família rica
da Alemanha. Nunca pensei nisso. Se eles eram horticultores lá. Tristemente me
deparei com o fato que eu não conheci minha avó. Não sei nada sobre sua
história sua família, seu passado. Senti uma vontade imensa enorme de saber não
sem sentir um remorso tremendo por nunca ter perguntado ou ouvido nada sobre
ela... me senti cruel... como se passa na vida das pessoas sem conhecer seu
jardim interior? Talvez o exterior que me maravilhou e me faz amar as flores
até hoje tinha algum significado! Nunca vou saber.
Meu avô era o único agrimensor daquela região falava um
pouco de português e segundo a história foi ele que desenhou todas as estradas
do oeste catarinense que hoje são grandes e importantes rodovias asfaltadas. Ele era dono do único veiculo
da região um 29 como era chamado na época. Sei que vieram da Alemanha em busca
de um futuro melhor e quando planejavam voltar chegou a segunda guerra mundial
e por isso terminaram suas vidas aqui,creio que esse é o principal motivo
porque nasci brasileira rsss.
Esse foi meu dia, sim um dia com um grande encontro
familiar. Encontro vindo do Cumaru, dos Estados Unidos, da pequena Cidade
catarinense de Riqueza para encontrar meu pequeno coração que ficou por ironia
do destino encravado nessa bela cidade de Redenção.
Escrevo minha história não sem pensar como é possível passar
pela vida de pessoas que admiramos e amamos tanto sem conhecer o jardim que
tantas mãos e pessoas plantaram por dentro e que brota com cores flores
perfumes maravilhosas por fora.
Assim foi essa tarde... quase um flime... um conto de fadas
que chegou quase que como um relâmpago pelo bate papo de uma pagina social
trazida pelos satélites do outro lado do mundo por alguém que nem sei ao certo
se já vi pessoalmente mas que fez parte da construção do jardim e por isso pode
falar dele.
Se pensou que tudo é fruto da minha imaginação, que li isso
em um conto, sinto informar meu amigo leitor isso é sim uma historia para rir e
chorar cultivado e encravado na minha vida por muitas mãos jardineiras que em
árdua trabalho ajudaram a escrever minha história que sempre são para rir e
chorar...como disse uma desconhecia virtual ontem melhor rir ou sorrir do que
chorar...
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