Nossa aventura começou cedinho, ganhamos a estrada no
pequeno lindo golzinho vermelho que nos conduziria pelas longas estradas mato grossenses onde atravessaríamos
lindas paisagens, em grandes aventuras jamais esquecidas.
Por vezes a chuva inundava o caminho, outras o sol nos
brindava com sua presença, depois de alguns quilômetros o primeiro obstáculo do caminho. Um caminhoneiro
imprudente depois de beber derrubou o caminhão na beira da pequena ponte de
ferro. Os caminheiros em protesto atravessaram caminhões na pista para impedir
que os carros pequenos passasem.
Depois de boa
conversa o coração comovido removeu o primeiro obstáculo e com cuidado, paciência
e persistência passamos pelas pequenas brechas abertas ao lado dos enormes
caminhões.
Ganhamos mais uma vez a estrada passando pelas pequenas, mas
lindas cidades primeiro no Pará e depois de algumas poucas horas lá estávamos nós
de volta as terras Matogosensses que a
muito tempo havíamos deixado para trás
não sem sentir a emoção do regresso.
Paramos na pequena cidade de Santo Antonio do Xingu agora cortada pelo lindo e novo asfalto
construído a pouco, o progresso aos poucos invade os sertões daquele lugar, nossos olhos brilhavam e pasmávamos
ao ver como aquele lugar estava mudado, lindo e diferente. Dormimos ali o sono
dos justos para preparar nosso corpo,mente e coração para as surpresas do dia seguinte.
Acordamos cedinho, depois de um delicioso café colocamos o pé
na estrada outra vez. Como estavam lindas as cidades que outrora apenas
cortavam estradas de chão e atoleiros ou poeira agora surgiam imponentes
rodeadas de asfalto por todos os lados, nos maravilhamos com as mudanças que víamos.
Mas também sentimos imensa tristeza ao chegarmos a um lugar
que conhecíamos como posto da mata. Por questões indígenas o vilarejo havia
sido destruído. Avistamos as paredes que foram derrubadas por maquinas cruéis e
potentes, o posto antes imponente agora
abandonado parecia cenário de filme de terror, em algumas residência em
destroços ainda se via o que foi uma
televisão , um sofá etc. Ali havia
vivido e construído suas vidas pessoas por muitos anos creio que mais de vinte,
quem poderia saber o destino dos moradores enxotados sem dó nem piedade? O
silencio do lugar fazia congelar o coração. Eu perguntava a mim mesma o que é o
coração do homem? No meu silencio eu me indagava a respeito da verdadeira
justiça, o que significa a verdadeira autoridade.... a cena trás á tona muita
reflexão e milhões de perguntas sem resposta se instalaram em meu
coração...cena que prefiro relegar ao esquecimento.
Depois dos obstáculos do caminho e da beleza da paisagem ao
anoitecer chegamos a pequena cidade de Ribeirão Cascalheira destino da minha
viajem. Lá estava eu de volta em frente ao portão que há quase dois anos atrás deu
novo curso a minha história. Fui recebida por meu sobrinho, ainda adolescente
ele havia sido meu companheirinho em dias
tristes e difíceis e lá estava ele com seu bondoso coração para abrir-me a porta
outra vez. Me senti como se tivesse voltado ao lar. Os costumes da família do
meu irmão caçula em muito se parecem com coisas que recordam minha mãe, depois
de um delicioso lanche pude descansar tranquila acalmando meu coração da emoção
de estar ali fruto de um grande milagre de Deus.
A um mês eu havia feito uma curta, talvez quase desesperada
oração relâmpago: Deus me leva para o Mato Grosso, não me deixe passar o final
do ano aqui sozinha, sem nenhum dinheiro, sem nenhuma condição, contrariando
toda a lógica lá estava eu levada pelo puro e simples milagre do céu. Tudo
fruto do trabalho de um Deus que sabe me maravilhar.
Cedinho meu sobrinho
foi ao banco onde trabalha para mais um meio dia de trabalho antes do natal. Aproveitei
para arrumar algumas coisas e me preparar para encontrar o restante da família na
chácara onde passaríamos o natal. Ao
meio dia minha sobrinha chegou feliz e cheia de expectativas da linda cidade de
Água Boa onde ela mora para trabalhar.
Aos poucos carregamos as compras e a lista de material de
objetos para a festa de natal na camioneta e partimos, eram vinte cinco
kilometros de boa conversa, riso, recordações , comunhão... o celular tocou.
Estamos com fome, o almoço está pronto ! olha a hora, cadê vocês.... ah ah
estamos quase... quase chegando... tudo era festa .. pressa pra que? se nosso
objetivo era apenas desfrutar tranquilamente da felicidades que a vida ora nos
oferecia.
Chegamos!!! Desci da camioneta deslumbrada... mal podia crer no que via!
A enorme cabana com a cerâmica xadrez que revestia a chão
exibiam sua beleza por entre as verdes paredes pintadas a pouco. Em baixo dos
lindos pés de mangueira em frente a fina brita dava um aspecto de profunda
limpeza ao local.A enorme represa deitada
tranquila entre as árvores nativas fazia parte do espetáculo que desfilava aos
meus olhos. Patos selvagens já mansos nadavam tranquilamente sobre as águas. Os
peixes moviam a água como que fazedo com que elas dançassem.
Saindo da brita chegava-se a um enorme pátio cimentado cheio
de sombra de frondosas árvores nativas enfeitado com lindas mesinhas de madeira
com banquinhos preparados para que o visitante pudesse apreciar aquele pequeno
paraíso feito por Deus e pelo bom gosto e muito trabalho da família do meu
irmão caçula.
Na varanda dos fundos podia-se ver um enorme e lindo fogão
caipira revestido de lindos tijolos de cerâmica com um forno anexo, em frente
uma mesa e uma churrasqueira... Duas lindas e grandes pias, uma de cada lado permitiam
o bom preparo dos alimentos e a fácil higienização do local. A água descia
direto da fonte e escoria montanha abaixo pelos canos direta para as torneiras,
limpa e abundante.
A pequena mas confortável casa com quarto com duas beliches
, quarto de casal uma enorme cozinha equipada com geladeira, frízer e utensílios
domésticos davam conforto ao lugar.
No banheiro o chuveiro derramava água morna em abundância,
um enorme espelho na saída dava seu ar de graça ao local para que pudéssemos ver
nosso rosto refletido com o brilho da felicidade que o local nos
proporcionava.... era uma verdadeira pousada onde era possível descansar o
corpo, a cabeça o coração e a alma cansada pelas lutas do ano vivido.
No fogão a lenha o fogo ardia vinte quatro horas por dia símbolo
do amor e da comunhão que reinava calmo ,sereno e tranquilo no lugar. Jogar
conversa fora... rir de tudo e de nada... nos assustar e deliciar com os sustos
que eram intencionalmente preparados pela arte dos meus sobrinhos e do pai
ainda criança com bombinhas que vez por outras eram estouradas escondidas só
pra agitar o lugar com largos sorriso e comentários... éramos todos crianças...
crescer pra que??? Nada precisava ser sério naquele paraíso.
Nossa noite de véspera de natal não teve grande ceia... desfrutamos
de um saboroso caldo de feijão preparado com salame tipo gaucho, tomamos chimarrão
no fresquinho ambiente em que a garoa
calma nos presenteava fazendo coro com a paz do lugar.... a conversa agradável desfilava emprestando uma alegria indescritível...
dormimos o sono dos justos!
No dia seguinte levantamos e depois do café tranquilamente
todo nos empenhamos para preparar a linda e deliciosa mesa da Ceia do natal.
Acho que foi o amor.... o resultado surpreendeu. Era uma mesa linda... muito
linda. Tudo parecia conspirar a nosso favor. Acho que a beleza , a alegria, a
harmonia do lugar era tamanha que foram preparados nove lugares, mas na verdade
éramos sete.... acho que dois visitantes desconhecidos deveriam estar ali para
participar do banquete... mas eles não chegaram... era puro equivoco de quem contou
os participantes... mas se eles tivessem chegado tenho certeza que ficariam
deslumbrados.
A tarde caiu uma chuva repentina... para que o sol brilhasse e trouxesse dois
lindos arco íris, só para Deus nos lembrar da aliança que tem conosco. No chalé
as redes para o descanso estavam estendidas. Depois do cochilo colhemos mangas fresquinhas nos pé
que ficavam ali pertinho... sentamos ... a grama verde do campo de futebol
emprestava seu ar de esperança e os dois arco iris multicores enfeitavam o
céu...
Alguns aventureiros se habilitavam em jogar o anzol na
represa... diziam que os peixes eram ariscos mas quatro deles foram parar na frigideira sobre o fogão a lenha
e foram deliciados em plena tarde pelos pescadores que sentados calmamente nas mesinhas de madeira em
frente a represa os saborearam rsss.. Havia muitos peixinhos! Os filhotes eram
jogados e alimentados todos os dias só para fazer a festa dos visitantes!
Quem dera que o tempo parasse... mas não parou... Ele se
foi... não sem deixar uma imensa, enorme saudades ... e boas lindas lembranças
essas que agora me permitem dedilhar as teclas só para espalhar ao mundo pelos
imensos satélites a felicidade que o grande milagre de Deus proporcionou em um
dos mais lindos natais da minha vida adulta... o natal preparado diretamente do
céu e enviado em forma de um grande e maravilhoso presente nesse final do ano
cheio de lutas... dificuldades e provações ... mas não sem que Deus fechasse
com chave de ouro só para lembrar seu grande poder , amor, e imenso cuidado por
minha vida.
Como terminar sem falar do Deus que sabe me maravilhar?
Pode rir ou chorar, mas dessa vez com certeza de emoção pelas
grandes coisas que Deus fez e faz..por tudo que Ele tem feito e por tudo que
vai fazer aqui estou só para agradecer..pra Sempre e Sempre!!!
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