segunda-feira, 8 de outubro de 2012


PELAS ESTRADAS DA VIDA... MONTANHAS E VALES... DESERTO E MARES!

Era um dia difícil. Fechei a porta tranquei com a chave. Acho que naquele instante fechei 20 longos, tristes, sofridos anos da minha história.

Tudo ficava para trás. Móveis, louças, plantas, roupas e cartões, caixas e caixas que acumulavam  lembranças de toda minha vida.

No carro poucos pertences. Ao sair avistei uma velha flanela branca ela havia pertencido a uma tia que já a muito havia se ido para sempre. Dobrei, ela seria usada ainda para uma tarefa especial... secar minhas lagrimas por longos caminhos que me levariam a uma nova história, aquelas para rir e chorar.

A viagem foi tranquila, por vezes sorriamos, por vezes discutíamos (acho que era o desgaste dos últimos acontecimentos) e por vezes as lagrimas desciam em cachoeiras.

Ali na casa do meu irmão era o pequeno Oasis em que parei no deserto da vida para recobrar minhas forças que se esvaiam aos poucos.

Logo meu irmão limpou a piscina para que eu pudesse creio lavar minha alma, se isso fosse possível, porque minha pele não permitia que a água entrasse até lá.

Arrumei um quarto ao lado com minhas poucas coisas. Tirei o que fosse possível. Na parede as telas que um dia eu havia manchado com tinta. A toalha branca na mesa anunciava paz e as rosas de todas as cores que eu colhia todos os dias e colocava cuidadosamente sobre a mesa diziam que a alegria poderia ainda estar em algum lugar. As horas eram gastos com bordados, o ponto cruz multicor regado a lagrimas formavam maravilhosas flores. Era isso: ponto por ponto flor por flor, a vida ainda poderia me dar um ramalhete, então o desafio era não desistir.

Mas teve um dia que nem piscina, nem toalha branca nem flores nem pontos conseguiram atuar. Todos se calaram. Foram quase doze horas de lagrimas contínuas. De onde um corpo humano minaria tanta água? Era a faxina da alma. Minha cunhada aos poucos palavra por palavra com calma foi acalmando a tempestade... aos poucos ela reaparecia no cenário da minha vida estendendo a mão.

A decisão: eu iria a outro estado morar a 100 km do meu irmão. Uma cidade maior. Uma terra que prometia futuro, hospitaleira com forasteiros. O coração era uma geleira. Sozinha em cidade estranha, em uma kitinet, quase sem móveis, sem emprego, vivendo de favor do que meus irmãos dariam, sem parentes,sem conhecidos. O mar ou o deserto não sabe ao certo... eu e Deus. Ufa, eu acho hoje que jamais aguentaria isso. Definitivamente  não era eu.

Lá se foi o carro andando outra vez pelas longas estradas da vida. Meu irmão dirigiu o carro até a metade da viagem, então o outro veio ao nosso encontro e conduziu o carro até o destino.Já eram duas horas da manhã quando chegamos a essa poeirenta cidade do sertão, a escuridão e o silencio pareciam trazer consigo o fantasma da solidão. Pensei silenciosa: Como resistir? Esperamos a noite acabar em um hotel, não conseguimos abrir portão da kitinet que meu irmão havia alugado.Ele dormiu, eu passei a noite tremendo de frio pelo ar condicionado e pelo medo que congelava meu coração.

Dois dias meu irmão trabalhava sem parar para deixar minha nova casa habitável. Uma pequena kitinet, meu irmão teve o cuidado de alugar perto da família de seu amigo, creio que para poder ir embora mais tranquilo. Então vi meu irmão indo embora. O mar,  a boia ,eu e Deus e mais nada. Acho que não era eu, afinal eu não suportaria tal desafio. Mas lembra das palavras do anjo Frances? Bom emprego... inteligente... capaz.... uma cidade a minha frente e todos os desafios imagináveis e não imagináveis. Sozinha a deriva no mar.

Minha amiga em Cuiabá pensou que eu não resistiria. Olhou para o céu e pediu uma solução, era ela que cuidava de mim nas horas de desespero ,então pensou que precisava agir.

Lembrou que em um encontro numa igreja evangélica conheceu alguém da cidade em que eu estava. Achou os contatos de e mail e telefone, ligou, era quase uma desconhecida mas precisava tentar. E tentou. O novo anjo dessa vez brasileiro estava a vista.

Um domingo em alto mar, vi a mensagem no e mail de meu celular, a noticia de uma pessoa que talvez pudesse ajudar. Mas era algo bem remoto. Resolvi acreditar.

Meus chips e celular todos se silenciaram. Fui a frente da kitinet para ver se achava um chip com código do estado para reestabelecer a comunicação.  Avistei um carrão descia devagar, uma senhora olhava como procurando algo. Não podia ser... minha amiga disse que ela era simples. E era... desceu, passou duas quadras abaixo parou... voltou.. ufa seria ela?

Finalmente parou em frente a minha kitinet olhou para mim e disse. Estou procurando a Erica. Lá estava ela. A melhor mãe do mundo, amiga, irmã anjo... alguém pode inventar uma palavra para descrever uma pessoa assim? Eu não conheço palavra na escrita brasileira que possa descreve o que foi essa pessoa em minha vida.Então pela falta de palavras eu a chamo de milagre Marli, esse é seu nome. O nome de uma outra Marli uma das melhores amigas que tive no passado.

Quer saber? Não vai dar pra contar... ela tem boas posses. Mas qual o que . Minha amiga não disse que era simples? e era, sabe aquilo que se diz de amar ao próximo como a si mesmo, de ser como criança? Belo discurso? Não a pura realidade na vida do milagre Marli.

Saiu  pelos quatro cantos distribuindo currículos, eu naquele carrão, ar condicionado,musica calma e ela lado a lado ali pela cidade comigo. Nunca duvidou nem desconfiou. Era mesmo um anjo que Deus mandou, até hoje não achei outra explicação para esse fenômeno.

A lista: Derramou muito suor para me ensinar a dirigir o carro outra vez, me visitava constantemente, me ajudava em tudo que eu precisava,me deu um celular, comprou esse net que escrevo para que eu pagasse quando pudesse (ainda não paguei tudo) arrumou um ótimo emprego com sua influencia, me convidava as vezes para passar o dia em sua casa, carregou minha mudança em seu carro quando precisei mudar para perto do emprego, emprestou um frigobar, me deu uma bolsa para carregar meu material de trabalho, foi comigo assinar o contrato, me acompanhou no primeiro dia no trabalho, me apoiou quando pensei que fui demitida,mas na verdade fui  transferida para um lugar melhor, me acompanhou no novo local de trabalho.Espera lá quantos dias vou levar para completar a lista? Impossível. Apresento aos meus leitores a melhor mãe do mundo, pura obra prima de Deus. O milagre Marli.

Os pontos do bordado jamais mentiram. Hoje ocupo um cargo de confiança na educação me confiado pelo secretário de educação, com a ajuda de minha amiga  Marli.Pessoas, muitas delas ainda não sei quase nada sobre suas vidas, mas anjos que apareceram nas montanhas e vales desertos e mares.

Minhas colegas de trabalho não se cansam de perguntar como? Cargo de confiança? Não é dessa cidade? Chegou esses dias? Como pode? Quer saber a resposta para tantas perguntas?

Isso simplesmente chama-se MILAGRE se encontrarem outro nome podem me avisar.

Assim são as luzes que se apagam, as luzes que se acedem, a saga das chaves, as montanhas e vales desertos e mares que atravesso  que me levam pra perto de Deus.

Para agradecer. Ainda não encontrei palavras que pudessem fazer isso com meus irmãos e familiares, com meu anjo Frances, com minha amiga cuiabana, com meu milagre Marli . E se eu esquecer alguém na lista? Então sou uma eterna endividada que vai passando pelas estradas da vida escrevendo histórias para rir e chorar.



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